terça-feira, 16 de setembro de 2008

ESALQ assina convênio para auxiliar reflorestamento do Médio Tietê



A ESALQ assinou, por intermédio da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), um convênio de cooperação técnico-científica de 5 anos com AES Tietê. A empresa é uma das principais geradoras de energia do país que responde por cerca de 20% da energia gerada no Estado de São Paulo e de 2% da produção nacional. O termo visa a implementação de um projeto de restauração de matas ciliares no entorno dos reservatórios das Usinas Hidroelétricas do Médio Tietê. O principal objetivo é estudar os processos ecológicos relacionados à restauração florestal e pesquisar o potencial desses sistemas para a fixação do carbono atmosférico.

Ficará sob responsabilidade dos pesquisadores da Escola, coordenados pelo professor Paulo Kageyama, dar suporte técnico científico dentro do projeto “Orientação da Restauração Florestal e Quantificação do Seqüestro de Carbono da AES Tietê”. Em suma, a ESALQ atuará nas diferentes etapas da seleção de espécies, produção de mudas e plantio de restauração, servindo tanto para a maximização dos efeitos positivos do reflorestamento do ponto de vista da remoção de carbono atmosférico e da restauração da biodiversidade, como à quantificação do acúmulo de carbono, por métodos que visam estabelecer ou aprimorar as métricas hoje existentes.

A proposta de reflorestamento da AES prevê o plantio de mudas em uma área de cerca de 12,5 mil hectares de zona ciliar. Segundo Kageyama, a projeção é para que se efetive a plantação de aproximadamente 24 milhões de unidades e haverá um monitoramento com imagens de satélites para avaliar quanto de carbono está sendo acumulado, uma vez que o resgate de carbono é um compromisso da empresa com o Comitê Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), apresentado na Convenção de Mudanças Climáticas da ONU. No desenvolvimento das atividades será colocada em prática a "Metodologia de Monitoramento e Linha de Base de Florestamento e Reflorestamento - ARAM 0010", segundo a qual será possível medir quanto de dióxido de carbono (CO2) está sendo resgatado do meio ambiente e, numa fase posterior, comercializar os créditos gerados com os países signatários do protocolo de Kyoto, acordo mundial para redução do aquecimento global. Para que o desenvolvimento das ações ocorra de maneira positiva, Kageyama ressaltou o aspecto social do projeto. “Há que se destacar o viés social, com a participação das populações do entorno na plantação de mudas”.

Para Demóstenes Barbosa Silva, diretor da AES, a regeneração de Áreas de Proteção Permanente (APPs) no entorno dos reservatórios no Estado é considerada atividade essencial para assegurar a sustentabilidade. “Decidimos dirigir para este projeto todos os suportes necessários já que talvez seja a maior iniciativa de reflorestamento do Brasil e uma das maiores do mundo em áreas protegidas. O investimento, ao final, alcançará cerca de R$ 40 milhões”.

Na oportunidade, o diretor da Escola, Antonio Roque Dechen, destacou o fato do projeto estar embasado na sustentabilidade econômica, social e ambiental, lembrando que a ESALQ vem desenvolvendo pesquisas no setor florestal há mais de três décadas, desde a instalação do curso de Engenharia Florestal, no início dos anos 70.

Estiveram presentes, além de representantes da AES Tietê, Rubens Angulo Filho, diretor presidente da Fundação de Estudos Agrários "Luiz de Queiroz" (FEALQ); José Leonardo de Moraes Gonçalves, professor e chefe do departamento de Ciências Florestais (LCF); Thelma Krug (pesquisadora do INPE e atual negociadora do Brasil nas reuniões da Convênção do Clima); Helena Carrascosa (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo); Luis Gylvan Meira Filho (Instituto de Estudos Avançados-IEA- da USP), além de alunos de graduação e pós graduação da Escola.

Texto: Caio Albuquerque
Foto: Divulgação AES Tietê

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