domingo, 13 de junho de 2010

Código Florestal: quem tem razão?

Beto Mesquita*
12 Jun 2010, 15:22

As propostas apresentadas pelo deputado Aldo Rebelo, louvadas pelos representantes do agronegócio brasileiro como se fossem a salvação da lavoura, são filhas diletas da falta de capacidade de negociação e diálogo. Não de um ator ou outro deste teatro de operações e debates, mas de todos. Quando o bom senso sai pela porta dos fundos ou se enfia embaixo da mesa, o non sense toma conta do cenário e vira o seu protagonista.

Eis que depois de ocupar mais de 80% do que originalmente foram as florestas que formavam a Mata Atlântica, logo após ter ocupado mais de 60% do Cerrado brasileiro e enquanto se expande em ritmo acelerado mata adentro da Floresta Amazônica, o poderoso setor agropecuário brasileiro, aclamado com razão parcial como um sucesso absoluto de produção e geração de divisas, apresenta-se ao público como perseguido e ameaçado pelos restinhos de ecossistemas naturais que a politicamente frágil legislação ambiental logrou proteger.

Resguardadas as devidas diferenças, é inevitável recordar os momentos que antecederam a abolição do trabalho escravo no Brasil – ou pelo menos dos instrumentos jurídicos e políticos que o legitimavam – quando uma parte dos produtores rurais bradava que sem os escravos o Brasil rural estaria falido e não haveria quem produzisse os alimentos para nossas mesas.

O argumento e o discurso são recorrentes. A estratégia também. A afirmação, repetida à exaustão, de que a lei atual transforma em criminosos 90% dos agricultores do país é tão alarmista quanto falsa. Em nome de uma suposta defesa dos pequenos e médios agricultores, que estariam sendo sufocados economicamente pelas agruras da lei, difundem informações falsas e estatísticas deturpadas para justificar o injustificável. Os principais líderes desta campanha optam por lançar uma cortina de fumaça sobre a opinião pública, visando unicamente derrubar a lei que eles nunca cumpriram, para que, desse modo, possam escapar de suas responsabilidades mínimas e perpetrar sua impunidade.


"A ideologização do debate, com o deputado vermelho se apresentando como libertador da pátria do julgo dos verdes internacionais e uma parcela dos verdes propondo a imutabilidade do código, por ser contra o modelo agrícola exportador, não nos levará a lugar algum."
A afirmação de que o cumprimento do Código Florestal terá como resultados a ampliação do êxodo rural e a favelização dos agricultores não tem rebatimento na realidade. O Brasil presenciou o seu período de maior êxodo rural entre as décadas de 60 e 80 do século passado, quando cerca de um terço da população rural migrou para áreas urbanas. Os principais motivos dessa migração em massa foram a expansão da fronteira agrícola, o modelo de urbanização adotado no país, que incentivava o crescimento das médias e grandes cidades, e a estratégia de modernização da agricultura, que incentivava as culturas de exportação e a produção mecanizada. Foi sob a ideia de que, “se poluição representa progresso, seja bem-vinda a poluição”, que a população migrou do campo para as cidades, não sob o rigor das leis ambientais.

Mas, e quanto à afirmação de que a legislação ambiental brasileira é moderna e perfeita, e por isso não deveria ser alterada? A engenharia ensina que as mais robustas, seguras e modernas estruturas, como edifícios e viadutos, devem ser flexíveis o suficiente para enfrentar ventos e tremores, movendo-se, porém, não se rompendo. Ao recusar a discussão sobre alguns aspectos do Código Florestal e insinuar que o agronegócio como um todo representa apenas danos para o país, uma parcela das lideranças ambientalistas contribui para o esgarçamento em que estamos metidos agora.

A ideologização do debate, com o deputado vermelho se apresentando como libertador da pátria do julgo dos verdes internacionais e uma parcela dos verdes propondo a imutabilidade do código, por ser contra o modelo agrícola exportador, não nos levará a lugar algum. Perderá a agricultura do país, tanto pelos impactos decorrentes do não cumprimento ou da flexibilização exagerada das restrições ambientais; perderá a nação, pela impossibilidade de cumprir os acordos internacionais; perderá a população, pela degradação dos serviços ambientais dos quais depende sua qualidade de vida.

Nem a agricultura brasileira é a única grande vilã do meio ambiente brasileiro, nem os ambientalistas, no seu conjunto, estão a serviço do capital internacional para impedir o progresso do país. Para que se materialize a sustentabilidade almejada, é preciso reconhecer e valorizar, de maneira equilibrada e racional, as vertentes econômicas, ambientais e sociais.

A proposta apresentada pelo deputado Rebelo e amplamente apoiada pelo agronegócio não vai salvar a lavoura. Sequer vai representar um refresco para o dia a dia dos milhões de pequenos e médios agricultores brasileiros, espremidos entre a falta de crédito e assistência técnica e as demandas do mercado. Certamente amenizará os problemas de alguns poucos grandes proprietários, que acumulam passivos ambientais imensos e não demonstram nenhuma vocação para cumprir as leis, sejam quais forem. Não por falta de informação ou alternativa, mas por ainda apostar em um modelo atrasado de produção rural, que prioriza aumento de área plantada em vez de aumento de produtividade.

O falta de senso se completa quando se analisa com lupa a proposta colocada sobre a mesa. Os principais argumentos clamados para justificar alterações no Código Florestal são a sua idade (embora os questionamentos maiores sejam mesmo sobre as alterações mais recentes), a pouca clareza em algumas diretrizes e a absoluta falta de critério científico para a determinação da porcentagem de Reserva Legal e da largura das Áreas de Preservação Permanente. Pois bem, a proposta em discussão consegue ser muito mais confusa do que o texto original e também não se baseia em nenhum critério científico para definir porcentagens e larguras, embora proponha sua ampla redução. De contrabando, ainda anistia quem desmatou.

O fato, real, doloroso e concreto, é que o Código Florestal brasileiro nunca foi cumprido em sua integridade. Esta lei sempre foi solenemente ignorada pela maior parte do agrobusiness nacional, assim como pela maior parte da sociedade brasileira. O Estado brasileiro quase nunca esteve presente no meio rural para fazer a extensão ambiental e florestal como seria de se esperar em um país que deve seu nome a uma árvore. E, nas poucas vezes em que esteve presente, o pacote tecnológico e a orientação para assegurar a posse e a ocupação da terra previam justamente o desmatamento e a “limpeza” do terreno.

No presente, iniciativas de grande visibilidade e impacto, como o Pacto Pela Restauração da Mata Atlântica, o Diálogo Florestal, a moratória da soja e os compromissos assumidos na cadeia da carne começam a surgir como aglutinadoras e mobilizadoras da sociedade. Partindo da premissa de que, se as áreas protegidas nas propriedades rurais e os serviços ambientais nelas produzidos são fundamentais para toda a população, é sensato, racional e justo que os custos pela sua proteção e recuperação sejam compartilhados entre todos.

Se, por um lado, a Constituição Federal estabelece claramente a função social da propriedade, intimamente associada à função de proteção ambiental, por outro é coerente que a sociedade, beneficiária desta função, recompense o proprietário por estes serviços. Em um futuro cada vez mais próximo, não será apenas de carne, grãos, leite e produtos hortifrutigranjeiros que viverá a propriedade rural. Parte da sua renda virá também dos serviços ambientais que os ecossistemas naturais existentes nelas ofertarem, como armazenamento de água, sequestro de carbono, amenização do clima e proteção dos solos. Mas não haverá serviços ambientais sem ecossistemas protegidos. Para isso serve as leis ambientais, como o Código Florestal.

* Engenheiro Florestal, diretor executivo do Instituto BioAtlântica (IBio).

quinta-feira, 29 de abril de 2010

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Inscrição de trabalhos até 14/07/2010.

Abraços

terça-feira, 27 de abril de 2010

Vídeos sobre restauração ecológica

Para quem se interessar, seguem abaixo links para 3 vídeos institucionais da The Nature Conservancy sobre restauração ecológica na Mata Atlântica.
Detalhe para participação substancial do Rubens (Rapunza) e do Aurélio, ambos com passagem pelo LERF.

http://www.youtube.com/watch?v=Ql8kyzhxU04
http://www.youtube.com/watch?v=YzNDDYP1IFM
http://www.youtube.com/watch?v=-ghuoes1Ad8

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Analfabetismo científico

Permitam-me expor aqui uma coluna do jornalista Carlos Orsi, do Estado de São Paulo, sobre analfabetismo científico. Vale como reflexão universal e mesmo uma auto-crítica.

A edição da revista Science que circula esta semana traz uma série de artigos sobre “alfabetização científica”, ou como transmitir para a população em geral — e para as crianças, em particular — o mínimo de conhecimento científico necessário para navegar no mundo contemporâneo.
O analfabetismo científico é um problema em praticamente todo o mundo. Com o agravante de que, diferentemente do analfabetismo literal, muitas vezes não chega a ser reconhecido como um problema, mesmo entre as parcelas mais educadas e/ou poderosas da sociedade.
Parafraseando um antigo aforismo de C.P. Snow, um milionário que ignore quem foi Machado de Assis acaba visto como uma figura folclórica, excêntrica; um que ignore a segunda lei da termodinâmica é só mais um cara normal. Além, claro, de uma ótima vítima para esquemas de moto-perpétuo.
Este, aliás, é um ponto que passa em branco na maioria dos discursos sobre a alfabetização científica: quando se reconhece o valor do ensino e da divulgação da ciência, o foco costuma repousar sobre os benefícios econômicos — pesquisa e desenvolvimento, novos produtos, engenharia — que são, evidentemente, reais e importantes. Mas pouco se fala sobre a educação científica como fator de cidadania e, se me permitem o termo, de defesa pessoal.
Mais do que uma instituição acadêmica ou de um conjunto de princípios, leis e teorias a assimilar, ciência é um método, uma disciplina, uma postura. De forma bem resumida, é o hábito de não aceitar afirmações como verdadeiras sem prova, e de avaliar criticamente toda prova apresentada. Ciência, enfim, é uma ferramenta de detecção de falsidades e de busca da verdade.
Tão ou mais importante do que conhecer os resultados obtidos por essa ferramenta é familiarizar-se com o instrumento em si. Empunhá-lo, acostumar-se com seu peso, ver como sua lâmina é afiada e, por fim, aprender a usá-lo no dia-a-dia, ao lidar com coisas tão díspares quanto promessas de políticos, discursos de autoajuda, comerciais de produtos milagrosos, ofertas de crediário, terapias e, sim, esquemas de moto-perpétuo.
Um do artigos da Science trata, aliás, exatamente disso: Jonathan Osborne, da Universidade Stanford, queixa-se de que há muito pouco debate crítico nas aulas de ciências.
“Como uma das marcas registradas do cientista é o ceticismo crítico e racional, a ausência de oportunidades para desenvolver a capacidade de pensar e discutir cientificamente parece ser uma fraqueza significativa na prática educacional contemporânea”, escreve Osborne.
Há alguns anos, a jornalista de ciência do New York Times Natalie Angier escreveu um livro — premiado — chamado The Canon (”O Cânone”), que buscava explicar o que há de mais básico na ciência atual. A partir de um primeiro capítulo sobre, exatamente, o pensamento científico, a obra se lança numa exploração da matemática, biologia, física, química, geologia e astronomia.
São pouco mais de 260 páginas e não creio que tenha sido traduzido, infelizmente. Mas se todos tivessem contato com as ideias e princípios que descreve, este seria um mundo com menos vítimas e melhores cidadãos. edição da revista Science que circula esta semana traz uma série de artigos sobre “alfabetização científica”, ou como transmitir para a população em geral — e para as crianças, em particular — o mínimo de conhecimento científico necessário para navegar no mundo contemporâneo.
O analfabetismo científico é um problema em praticamente todo o mundo. Com o agravante de que, diferentemente do analfabetismo literal, muitas vezes não chega a ser reconhecido como um problema, mesmo entre as parcelas mais educadas e/ou poderosas da sociedade.
Parafraseando um antigo aforismo de C.P. Snow, um milionário que ignore quem foi Machado de Assis acaba visto como uma figura folclórica, excêntrica; um que ignore a segunda lei da termodinâmica é só mais um cara normal. Além, claro, de uma ótima vítima para esquemas de moto-perpétuo.
Este, aliás, é um ponto que passa em branco na maioria dos discursos sobre a alfabetização científica: quando se reconhece o valor do ensino e da divulgação da ciência, o foco costuma repousar sobre os benefícios econômicos — pesquisa e desenvolvimento, novos produtos, engenharia — que são, evidentemente, reais e importantes. Mas pouco se fala sobre a educação científica como fator de cidadania e, se me permitem o termo, de defesa pessoal.
Mais do que uma instituição acadêmica ou de um conjunto de princípios, leis e teorias a assimilar, ciência é um método, uma disciplina, uma postura. De forma bem resumida, é o hábito de não aceitar afirmações como verdadeiras sem prova, e de avaliar criticamente toda prova apresentada. Ciência, enfim, é uma ferramenta de detecção de falsidades e de busca da verdade.
Tão ou mais importante do que conhecer os resultados obtidos por essa ferramenta é familiarizar-se com o instrumento em si. Empunhá-lo, acostumar-se com seu peso, ver como sua lâmina é afiada e, por fim, aprender a usá-lo no dia-a-dia, ao lidar com coisas tão díspares quanto promessas de políticos, discursos de autoajuda, comerciais de produtos milagrosos, ofertas de crediário, terapias e, sim, esquemas de moto-perpétuo.
Um do artigos da Science trata, aliás, exatamente disso: Jonathan Osborne, da Universidade Stanford, queixa-se de que há muito pouco debate crítico nas aulas de ciências.
“Como uma das marcas registradas do cientista é o ceticismo crítico e racional, a ausência de oportunidades para desenvolver a capacidade de pensar e discutir cientificamente parece ser uma fraqueza significativa na prática educacional contemporânea”, escreve Osborne.
Há alguns anos, a jornalista de ciência do New York Times Natalie Angier escreveu um livro — premiado — chamado The Canon (”O Cânone”), que buscava explicar o que há de mais básico na ciência atual. A partir de um primeiro capítulo sobre, exatamente, o pensamento científico, a obra se lança numa exploração da matemática, biologia, física, química, geologia e astronomia.
São pouco mais de 260 páginas e não creio que tenha sido traduzido, infelizmente. Mas se todos tivessem contato com as ideias e princípios que descreve, este seria um mundo com menos vítimas e melhores cidadãos.
Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/carlos-orsi/2010/04/22/analfabetismo-cientifico/

quarta-feira, 31 de março de 2010

Vai faltar árvore no mercado?

Para especialistas, projetos de compensação ambiental no País podem entrar em crise com a escassez de mudas de espécies nativas
Wilson Aquino


“A prioridade é para espécies nativas, mas algumas importadas podem ser aceitas”, Murilo Bustamante, promotor do Meio Ambiente do Ministério Público do Rio de Janeiro

O cenário não poderia ser mais favorável: há dinheiro, vontade e mão de obra capacitada para promover uma grande recuperação das florestas nativas brasileiras no rastro das ecologicamente corretas compensações ambientais. No entanto, especialistas na flora nacional estão preocupados, e não otimistas, porque a falta de matéria-prima pode comprometer os projetos de reflorestamento previstos para os próximos anos no País. Técnicos do governo e produtores que atuam no segmento verde alertam que a produção de mudas de espécies brasileiras não será suficiente para atender à demanda que se desenha. E, na falta de espécies nacionais, as árvores exóticas (naturais de outros países) podem ocupar o lugar da flora nacional. “A prioridade nos reflorestamentos é para as espécies nativas, mas algumas exóticas podem ser aceitas, caso o plantio seja aprovado pelos órgãos ambientais”, afirma o promotor Murilo Bustamante, da Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público do Rio de Janeiro. Se o reflorestamento fosse importante apenas para o controle das emissões de gases do efeito estufa, a origem da árvore não interessaria tanto. “Ela precisa apenas ter potencial para sequestrar e manter o carbono”, explica o coordenador de recuperação ambiental do município do Rio, Marcelo Hudson. “Mas, se pensarmos em biodiversidade, temos de obedecer às regras da natureza.



COMPENSAÇÃO: Obras da CSA obrigarão a companhia a plantar centenas de árvores



A introdução de árvores de outros biomas pode causar distúrbios tanto na fauna quanto no solo do ecossistema”, completa Hudson, que comanda um projeto que em 20 anos plantou cerca de cinco milhões de mudas nativas na cidade. A falta de um programa específico para fomentar a produção de mudas nativas é um dos problemas que vieram à tona com a demanda ocasionada pelo aquecimento global. Ecologistas estimam entre 170 milhões e 200 milhões de hectares a área de florestas destruída que pode ser recuperada, mas a quantidade de mudas nativas produzidas no País é um mistério. De acordo com o Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), do Ministério da Agricultura, existem 3.641 produtores de mudas no Brasil. Entretanto ninguém sabe quantos deles se dedicam às espécies nacionais. A Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) também não tem dados sobre os que semeiam mudas nativas. Os mais otimistas arriscam o número de 15 milhões por ano. Como cada hectare comporta entre 800 e 1.200 mudas, o déficit torna-se expressivo. “Entre 60% e 70% dos municípios brasileiros são desprovidos de viveiros. E os que existem são dedicados à arborização urbana”, adverte o engenheiro florestal Luiz Carlos Sérvulo de Aquino, do Ministério do Meio Ambiente. Entre as grandes obras que vão exigir compensações ambientais, apenas no Estado do Rio de Janeiro, estão a construção do parque industrial da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a implantação do trem- bala e o arco rodoviário.





Os investimentos estão na casa dos bilhões, sendo que a legislação ambiental determina que meio por cento do custo das obras seja aplicado em compensações ambientais. “Certamente, teremos um boom de projetos de reflorestamento no Rio e em outros Estados, sem que a produção de mudas consiga acompanhar essa demanda”, alerta o engenheiro florestal Marcelo de Carvalho Silva, dono da Biovert, empresa fluminense que produz e comercializa mudas e sementes do sistema vegetal atlântico. Segundo Silva, a Biovert, que tem capacidade de produção de até três milhões de mudas por ano, está se preparando para dobrar a produção até 2012 e triplicá-la até 2014, de olho nos reflorestamentos resultantes de compensações ambientais. Alguns órgãos do governo anunciam esforços para resolver o problema. Mas as iniciativas ainda são tímidas e demonstram o descaso com que a flora nativa foi tratada ao longo dos anos. O Ministério do Meio Ambiente, por exemplo, somente agora está elaborando com técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) uma lista de espécies potencialmente aptas tanto para os plantios imediatos de áreas degradadas quanto para o aperfeiçoamento das pesquisas.




Vão fazer o que foi feito com espécies exóticas, como pinus e eucalipto (que abastecem o setor de papel e celulose, a siderurgia e a indústria moveleira), a partir da década de 60 e que tornou o Brasil líder mundial de produtividade e de conhecimento acumulado nesses gêneros. O chefe do departamento de políticas e estudos de meio ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), Márcio Macedo, disse que o órgão tem um leque de opções de financiamento para recuperação florestal, mas reconhece que não há linhas de crédito específicas para a ampliação de viveiros de mudas nativas. “Compartilhamos dessa preocupação, mas estamos em estágio incipiente. Afinal, essa demanda nunca esteve tão evidente”, afirma Macedo. Mas a lição é simples: para recuperar nossas florestas e conservar nosso ecossistema, o mercado de mudas nativas tem de florescer.


“Teremos um boom de reflorestamento, sem que a produção de mudas acompanhe a demanda”Marcelo de Carvalho Silva, engenheiro florestal

Original disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/60229_VAI+FALTAR+ARVORE+NO+MERCADO+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

sexta-feira, 5 de março de 2010

Pequenas propriedades e APPs

O pequeno produtor encontra uma boa alternativa para otimizar sua produção e, ao mesmo tempo, estimular a restauração de Áreas de Preservação Permanente (APP) em sua propriedade agrícola quando adequa suas atividades à legislação.
Exemplo disso é quando áreas desprovidas de vegetação nativa ou recobertas por vegetação secundária, em estágio inicial e médio (aquela proveniente de uma área que já foi degradada e está em estágio de regeneração), são utilizadas para o desenvolvimento de Sistemas Agroflorestais (SAF). É o que prevê o Código Florestal Brasileiro, que permite esta prática na restituição das áreas mediante autorização.
A resolução da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, SMA 44, é fonte para orientação nestes casos. O documento traz as informações necessárias e esclarece que, por exemplo, as chamadas plantas lenhosas perenes, como árvores frutíferas, arbustos, palmeiras e bambus, podem ser cultivadas em associação com plantas herbáceas como milho, soja e feijão, ou até mesmo em integração com animais. Este modelo pode trazer grandes benefícios ao pequeno agricultor, que com isso pode ampliar a sua renda.
Segundo levantamento do Censo 95/96, no Brasil as pequenas propriedades - ou posses rurais familiares, como são também chamadas – ocupam uma área de aproximadamente 108 milhões de hectares. Isto é, 30,5% do total de áreas agrícolas em todo território nacional.
O uso da terra com baixo impacto e estratégias inovadoras para a restauração de APPs são propostas que sempre requerem avaliação técnica para tornar viável a restauração dos processos ecológicos.Os benefícios para quem adota a prática vão desde a preservação de recursos hídricos, do solo e de paisagem, até o melhor aproveitamento econômico dessas áreas. Confira as informações necessárias para o seu licenciamento abaixo.
I.Identificação dos proprietários/posseiros
II.Dados do imóvel, com coordenadas
III.Técnico responsável
IV.Planta ou croqui, no caso de pequenos proprietários ou posseiros
V.Roteiro de acesso
VI.Relação dos principais grupos e espécies cultivadas e/ou manejadas, incluindo a relação de espécies nativas arbóreas
VII.Metodologia de implementação e manejo (situação inicial da área, desenho espacial e temporal, incluindo indicação preliminar de colheitas e podas)
VIII.Previsão de produtos nativos a serem escoados

Disponível em: http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=21320&secao=Colunas%20Assinadas

quinta-feira, 4 de março de 2010

São Paulo reduz área desmatada

Agência FAPESP – Em 2009, o Estado de São Paulo perdeu 3.205,7 hectares de sua cobertura vegetal, área 30% menor que a desmatada em 2008, segundo balanço do projeto ambiental estratégico Desmatamento Zero, divulgado pela Secretaria do Meio Ambiente (SMA).
Segundo a SMA, a área de vegetação em recuperação em todo o Estado já é 110 vezes maior que a do desmatamento. Somente a mata ciliar paulista teve uma recuperação de 127,6 mil hectares.
A área de vegetação autorizada para corte em 2009 foi de 1.813 hectares, uma redução de 31% em comparação com 2008, no qual foram autorizados 2.636 hectares.
“Não é que não exista mais supressão de vegetação, mas estamos recuperando muito mais. Isso está comprovado no Inventário Florestal do Estado com imagens de satélite, que será divulgado até o fim do mês”, disse o secretário Xico Graziano, que apresentará o balanço para o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) nas próximas semanas.
A maioria das autorizações de supressão de vegetação em 2009 foi para atividades agropecuárias e obras lineares, 27% e 30%, respectivamente.
O balanço também esclarece como é calculado o valor total de área considerada desmatada pela SMA. Calcula-se como área efetivamente desmatada a somatória da área de mata e cerrado denso autorizada e a área autuada pela Polícia Militar Ambiental.

Os dados do projeto Desmatamento Zero da SMA estão disponíveis em: www.ambiente.sp.gov.br/arquivos/Desmatamento_Zero_02_03_10_final.pdf

Disponível em: http://www.agencia.fapesp.br/materia/11846/sao-paulo-reduz-area-desmatada.htm

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Exigências ambientais aquecem mercado de reflorestamento

Para reflorestadoras, há muito espaço para aumento da demanda
Débora Thomé

O aumento das exigências ambientais está movimentando os negócios de mudas de espécies nativas. O reflorestamento (planejado e não mais improvisado) passou a ser exigido para uma série de empresas como forma de compensação ambiental. Com isso, o setor vem aperfeiçoando seus serviços e ampliando as vendas.

A Bio Flora produz em Piracicaba, no interior de São Paulo, de três a quatro milhões de mudas por ano. Entre os clientes, estão várias usinas, cervejarias, companhias que precisam fazer ajustes ambientais ou mesmo que estão interessadas em ações de reflorestamento. André Gustavo Nave, diretor da empresa, acredita que, no cenário atual, ainda há muito espaço para um aumento da demanda por mudas. A Bio Flora produz 200 espécies de árvores ? para a recuperação de florestas, a atual legislação ambiental prevê o uso de, no mínimo, 80 espécies. "Com as atuais exigências, nossos clientes têm aumentado e mudado. Hoje eles precisam ter mais informações para poder fazer o reflorestamento de forma correta", afirma Nave.

Também do setor de mata nativa, a Tropical Flora, reflorestadora da cidade de Garça, no interior de São Paulo, tem um perfil diferente: boa parte de suas três milhões de mudas é destinada ao mercado madeireiro. Isso significa que seus clientes plantam espécies para colher, no mínimo, daqui a 15 anos. "Foi uma maneira de unirmos a questão ambiental com algo que desse retorno financeiro. Pelo menos assim, não vão destruir árvores na Amazônia", comenta Rodrigo Ciriello, diretor comercial da Tropical Flora.A empresa, criada há sete anos, pertence a um grupo familiar que existe há 30 anos e se dedicava ao plantio de café e criação de gado.Hoje, porém a Tropical Flora é o principal negócio. Além de fornecer as mudas, eles também fazem projetos de atualização da mata legal.

CRISE
A Camará, em Ibaté, também no interior de São Paulo, tem capacidade de produção de 15 milhões de mudas por ano. No seu caso, as espécies nativas ainda são a minoria: cerca de três milhões, enquanto, de eucalipto, são 12 milhões de mudas. No entanto, com a crise do setor de celulose no ano passado, enquanto a produção de eucalipto caiu para um terço, ou seja, quatro milhões de mudas, a de nativas quase não sofreu, chegou a subir um pouco, aproximando as duas produções. O número de funcionários acabou sendo também reduzido, mas pode voltar a crescer agora. "O faturamento caiu 40% em 2009. Como já estamos acostumados com essas mudanças, pois trabalhamos para atender a demanda de grandes clientes, conseguimos sair bem. Agora a tendência é voltar ao resultado de 2008", comenta o sócio-proprietário da Camará, Carlos Nogueira.
A empresa fornece cerca de 70% das suas mudas para São Paulo. Os maiores clientes de espécies nativa são hidrelétricas que fazem programas ambientais.O custo das plantas varia: a nativa custa R$ 0,60; o eucalipto, R$ 0,30. "Chegamos a pensar em diminuir o plantio de nativas, mas acabamos desistindo. De uns 4 anos para cá, houve um aumento significativo na venda dessas mudas", diz Nogueira.

Disponível em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100210/not_imp508930,0.php

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Encontro da SER Europa

Caros, embora seja caro e os ecossistemas sejam bem diferentes dos nossos, quem sabe alguém se interessa em participar do 7th SER European Conference on Ecological Restoration, promovido pela SER. Vejam abaixo informativo recebido, com primeiras informações. O lugar parece bastante aprazível, hein!

Dear colleagues,

If you have enjoyed the 19th SERI World Conference on Ecology Restoration in Perth, Australia, you will enjoy certainly the 7th SER European Conference on Ecological Restoration in Avignon 23-27 August 2010, Southern France, a country where there are fewer kangarooes but more diversity in wines...

The Internet site is now available at :http://www.seravignon2010.org

You can already have a look at the objectives of the conference :http://www.seravignon2010.org/Welcome-And-Themes/Welcome-to-the-SER-European-2010-Conference-Web-Site

The place where it will be organised, the Pope' Palace in the Medieval City of Avignon in Southern Mediterranean France, is one of the most visited monuments to the world !http://www.seravignon2010.org/Host_-Organising-Committee-and-Sponsors/The-International-Conference-Center-in-the-Popes%E2%80%99-Palace

Take a look at the 12 half-day excursions organized on Wednesday August 23th 2010 in the afternoon :http://www.seravignon2010.org/Program/Field-Trips

There is still the possibility to submit a proposition of an oral presentation or a poster before March, 1st 2010 but the deadline for a special session or a workshop is February, 15th 2010 : So submit now !http://www.seravignon2010.org/Proposal/Proposal-and-abstract-submission

Registration is open, save money by booking before 15 May 2010 at the cheapest price. Be sure to have your favorite excursion selected and your hotel at the cheapest price as well. So join now ! http://www.seravignon2010.org/Venue-And-Accomodation/Registration-Fees-and-Form

I hope to see you in Avignon,

For more information : ser2010@univ-avignon.fr

Pr. Thierry DutoitChair of the Organising Committee --
Pr Thierry DUTOITUniversité d'AvignonUMR CNRS IRD IMEPIUT, Site Agroparc, BP 120784 911 Avignon Cedex 9France Tel. +33(0)4.90.84.38.29Fax. + 33(0)4.90.84.03.77Email. thierry.dutoit@univ-avignon.fr

Chair of the organising Committee7th SER European Conference on Ecological Restoration, 23-27 August 2010, Avignon, FranceSecretariat : ser2010@univ-avignon.frhttp://www.seravignon2010.org Editor-in-Chief, ecologia mediterranea http://ecologia-mediterranea.univ-avignon.fr/http://www.naturalia-publications.com

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

As várias caras do Cerrado

O Eco
Aldem Bourscheit
14/01/2010, 14:14
Foi lançado esta semana um detalhado mapa com as “fitofisionomias” do Cerrado, ou os tipos de vegetação encontrados em seus dois milhões de quilômetros quadrados. A imagem foi produzida a partir do cruzamento de dados oficiais sobre biodiversidade (Probio/MMA) e sensoriamento remoto dos biomas (CSR/Ibama 2009) e divide o Cerrado em dois grandes blocos de savanas e florestas, detalhando-os conforme a elevação do terreno, distribuição das matas no entorno de rios e outros cursos d´água, porte das árvores e outras características.
“O mapa mostra os remanescentes do Cerrado e os diversos tipos de vegetação que ele tem, com classes usadas pelo IBGE. Também apresenta o quanto foi perdido entre 2002 e 2008 e o quanto resta de cada fitofisionomia”, explicou o biólogo Marcelo Gonçalves de Lima, autor do trabalho cartográfico e consultor junto ao Centro de Sensoriamento Remoto do Ibama, em Brasília.
O mapa tem “mil e uma utilidades”, como demonstrar as ameaças ao verde do Cerrado frente a hidrelétricas, rodovias e outras de infraestrutura, planejar o extrativismo de frutas como pequi e caju, associadas a determinado tipo de vegetação, projetar a movimentação e a distribuição de animais ou espécies ameaçadas, proporcionar a criação de áreas protegidas envolvendo porções mais ameaçadas do bioma, além de ajudar a refinar a quantidade de Dióxido de Carbono (CO2) emitido pelo desmatamento e o quanto desse gás de efeito estufa está armazenado entre os diferentes tipos de vegetação.
“O mapa pode ajudar no planejamento da conservação e da recuperação do Cerrado e de seus serviços ambientais, bem como na formulação de políticas públicas voltadas a sua proteção”, avaliou Lima, doutor em ecologia pela Universidade de Brasília (UnB).À frente do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), o ambientalista Donald Sawyer comentou que o mapa também joga luz sobre a enorme diversidade da vegetação do Cerrado. “É um bioma extremamente diverso e complexo”, disse. Para ele, é preciso calcular por estado os remanescentes de cada tipo de vegetação e proteger até mesmo fragmentos, costumeiramente desprezados nas políticas para criação de áreas protegidas. “Essas parcelas são fundamentais para a recuperação de cada fitofisionomia, e êm valor para a manutenção da biodiversidade e para a economia”, ressaltou.
Para quem se interessar, eu tenho esse mapa porque conheço o Marcelo de Lima do CSR/IBAMA e ele me forneceu. Tem 1Gb mas posso passar se alguém quiser!!
Para ver mais acesse o link da reportagem:

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Assinado 1º protocolo para adequação ambiental de propriedades rurais

Fornecedores de cana da região de Catanduva assinam protocolo para adequação ambiental de áreas destinadas a reserva legal

Os produtores rurais de São Paulo se anteciparam a obrigatoriedade de recuperação de áreas de preservação permanente e regularização de reserva legal de suas propriedades. Representantes da Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Catanduva (AFCRC) assinaram com o secretário estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano um protocolo de intenções, no qual assumem o compromisso de acabar com o passivo ambiental nas propriedades.
Pelo documento a entidade, reunindo cerca de 1000 fornecedores de cana que produzem em aproximadamente 80 mil hectares de cana, tem a necessidade de averbar 20 mil hectares para efeito de reserva legal. “Como na maioria dessas propriedades já existe algum tipo de fragmento de mata, trabalhamos com a meta de disponibilizar cerca de 25 mil hectares, tanto para regularizar Áreas de Preservação Permanentes (APPs), como áreas que serão destinadas à reserva legal”, explicou o presidente da AFRCR, João Pedro Gomieri.

A iniciativa é inovadora, sendo a primeira no Estado de São Paulo. “Enquanto os grandes representantes do agronegócio nacional aguardam que suas bancadas na Câmara e no Senado Federal consigam alterar a legislação, no sentido de flexibilizar o cumprimento do Código Florestal, nós resolvemos nos antecipar”, afirmou Gomieri. Para Graziano a atitude vai ajudar na conscientização. “Outros agricultores poderão se espelhar e fazer o mesmo. Precisamos ter atitudes ecológicas e o agronegócio precisa ser parceiro da natureza”, comentou.

A adequação ambiental das propriedades é importante também porque os produtores não responderão civil e criminalmente pelo não cumprimento da legislação ambiental. Além disso, a iniciativa possibilitará que a decisão sobre a localização das reservas legais dos associados seja feita de forma integrada, com base em análises regionais e não em avaliações pontuais. “Isto garantirá que sejam tomadas decisões mais acertadas visando maximizar os benefícios ambientais das reservas, minimizando o conflito com a produção agropecuária”, acrescentou Graziano.

Protocolo
A AFCRC poderá adquirir ou indicar para a aquisição por seus associados, áreas para a regularização ambiental mediante a adoção do mecanismo de compensação da Reserva Legal em regime de condomínio, em três situações: em áreas recobertas por vegetação nativa situadas nas Zonas de Amortecimento de Unidades de Conservação de domínio público; áreas no interior de Unidade de Conservação de domínio público pendentes de regularização fundiária e áreas desprovidas de vegetação nativa consideradas prioritárias para o reflorestamento visando o incremento da conectividade segundo o Projeto BIOTA/FAPESP.

Para João Pedro Gomieri, esse investimento em adequação ambiental poderá chegar a R$100 milhões, considerando-se os desembolsos em regularização de APPs, aquisição de áreas, georeferenciamento, regularização fundiária e aquisição de mudas. “Esse montante virá de recursos dos próprios associados, de financiamentos através de linhas de créditos específicas”, afirmou.

Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/verNoticia.php?id=811