domingo, 13 de junho de 2010

Código Florestal: quem tem razão?

Beto Mesquita*
12 Jun 2010, 15:22

As propostas apresentadas pelo deputado Aldo Rebelo, louvadas pelos representantes do agronegócio brasileiro como se fossem a salvação da lavoura, são filhas diletas da falta de capacidade de negociação e diálogo. Não de um ator ou outro deste teatro de operações e debates, mas de todos. Quando o bom senso sai pela porta dos fundos ou se enfia embaixo da mesa, o non sense toma conta do cenário e vira o seu protagonista.

Eis que depois de ocupar mais de 80% do que originalmente foram as florestas que formavam a Mata Atlântica, logo após ter ocupado mais de 60% do Cerrado brasileiro e enquanto se expande em ritmo acelerado mata adentro da Floresta Amazônica, o poderoso setor agropecuário brasileiro, aclamado com razão parcial como um sucesso absoluto de produção e geração de divisas, apresenta-se ao público como perseguido e ameaçado pelos restinhos de ecossistemas naturais que a politicamente frágil legislação ambiental logrou proteger.

Resguardadas as devidas diferenças, é inevitável recordar os momentos que antecederam a abolição do trabalho escravo no Brasil – ou pelo menos dos instrumentos jurídicos e políticos que o legitimavam – quando uma parte dos produtores rurais bradava que sem os escravos o Brasil rural estaria falido e não haveria quem produzisse os alimentos para nossas mesas.

O argumento e o discurso são recorrentes. A estratégia também. A afirmação, repetida à exaustão, de que a lei atual transforma em criminosos 90% dos agricultores do país é tão alarmista quanto falsa. Em nome de uma suposta defesa dos pequenos e médios agricultores, que estariam sendo sufocados economicamente pelas agruras da lei, difundem informações falsas e estatísticas deturpadas para justificar o injustificável. Os principais líderes desta campanha optam por lançar uma cortina de fumaça sobre a opinião pública, visando unicamente derrubar a lei que eles nunca cumpriram, para que, desse modo, possam escapar de suas responsabilidades mínimas e perpetrar sua impunidade.


"A ideologização do debate, com o deputado vermelho se apresentando como libertador da pátria do julgo dos verdes internacionais e uma parcela dos verdes propondo a imutabilidade do código, por ser contra o modelo agrícola exportador, não nos levará a lugar algum."
A afirmação de que o cumprimento do Código Florestal terá como resultados a ampliação do êxodo rural e a favelização dos agricultores não tem rebatimento na realidade. O Brasil presenciou o seu período de maior êxodo rural entre as décadas de 60 e 80 do século passado, quando cerca de um terço da população rural migrou para áreas urbanas. Os principais motivos dessa migração em massa foram a expansão da fronteira agrícola, o modelo de urbanização adotado no país, que incentivava o crescimento das médias e grandes cidades, e a estratégia de modernização da agricultura, que incentivava as culturas de exportação e a produção mecanizada. Foi sob a ideia de que, “se poluição representa progresso, seja bem-vinda a poluição”, que a população migrou do campo para as cidades, não sob o rigor das leis ambientais.

Mas, e quanto à afirmação de que a legislação ambiental brasileira é moderna e perfeita, e por isso não deveria ser alterada? A engenharia ensina que as mais robustas, seguras e modernas estruturas, como edifícios e viadutos, devem ser flexíveis o suficiente para enfrentar ventos e tremores, movendo-se, porém, não se rompendo. Ao recusar a discussão sobre alguns aspectos do Código Florestal e insinuar que o agronegócio como um todo representa apenas danos para o país, uma parcela das lideranças ambientalistas contribui para o esgarçamento em que estamos metidos agora.

A ideologização do debate, com o deputado vermelho se apresentando como libertador da pátria do julgo dos verdes internacionais e uma parcela dos verdes propondo a imutabilidade do código, por ser contra o modelo agrícola exportador, não nos levará a lugar algum. Perderá a agricultura do país, tanto pelos impactos decorrentes do não cumprimento ou da flexibilização exagerada das restrições ambientais; perderá a nação, pela impossibilidade de cumprir os acordos internacionais; perderá a população, pela degradação dos serviços ambientais dos quais depende sua qualidade de vida.

Nem a agricultura brasileira é a única grande vilã do meio ambiente brasileiro, nem os ambientalistas, no seu conjunto, estão a serviço do capital internacional para impedir o progresso do país. Para que se materialize a sustentabilidade almejada, é preciso reconhecer e valorizar, de maneira equilibrada e racional, as vertentes econômicas, ambientais e sociais.

A proposta apresentada pelo deputado Rebelo e amplamente apoiada pelo agronegócio não vai salvar a lavoura. Sequer vai representar um refresco para o dia a dia dos milhões de pequenos e médios agricultores brasileiros, espremidos entre a falta de crédito e assistência técnica e as demandas do mercado. Certamente amenizará os problemas de alguns poucos grandes proprietários, que acumulam passivos ambientais imensos e não demonstram nenhuma vocação para cumprir as leis, sejam quais forem. Não por falta de informação ou alternativa, mas por ainda apostar em um modelo atrasado de produção rural, que prioriza aumento de área plantada em vez de aumento de produtividade.

O falta de senso se completa quando se analisa com lupa a proposta colocada sobre a mesa. Os principais argumentos clamados para justificar alterações no Código Florestal são a sua idade (embora os questionamentos maiores sejam mesmo sobre as alterações mais recentes), a pouca clareza em algumas diretrizes e a absoluta falta de critério científico para a determinação da porcentagem de Reserva Legal e da largura das Áreas de Preservação Permanente. Pois bem, a proposta em discussão consegue ser muito mais confusa do que o texto original e também não se baseia em nenhum critério científico para definir porcentagens e larguras, embora proponha sua ampla redução. De contrabando, ainda anistia quem desmatou.

O fato, real, doloroso e concreto, é que o Código Florestal brasileiro nunca foi cumprido em sua integridade. Esta lei sempre foi solenemente ignorada pela maior parte do agrobusiness nacional, assim como pela maior parte da sociedade brasileira. O Estado brasileiro quase nunca esteve presente no meio rural para fazer a extensão ambiental e florestal como seria de se esperar em um país que deve seu nome a uma árvore. E, nas poucas vezes em que esteve presente, o pacote tecnológico e a orientação para assegurar a posse e a ocupação da terra previam justamente o desmatamento e a “limpeza” do terreno.

No presente, iniciativas de grande visibilidade e impacto, como o Pacto Pela Restauração da Mata Atlântica, o Diálogo Florestal, a moratória da soja e os compromissos assumidos na cadeia da carne começam a surgir como aglutinadoras e mobilizadoras da sociedade. Partindo da premissa de que, se as áreas protegidas nas propriedades rurais e os serviços ambientais nelas produzidos são fundamentais para toda a população, é sensato, racional e justo que os custos pela sua proteção e recuperação sejam compartilhados entre todos.

Se, por um lado, a Constituição Federal estabelece claramente a função social da propriedade, intimamente associada à função de proteção ambiental, por outro é coerente que a sociedade, beneficiária desta função, recompense o proprietário por estes serviços. Em um futuro cada vez mais próximo, não será apenas de carne, grãos, leite e produtos hortifrutigranjeiros que viverá a propriedade rural. Parte da sua renda virá também dos serviços ambientais que os ecossistemas naturais existentes nelas ofertarem, como armazenamento de água, sequestro de carbono, amenização do clima e proteção dos solos. Mas não haverá serviços ambientais sem ecossistemas protegidos. Para isso serve as leis ambientais, como o Código Florestal.

* Engenheiro Florestal, diretor executivo do Instituto BioAtlântica (IBio).

quinta-feira, 29 de abril de 2010

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Inscrição de trabalhos até 14/07/2010.

Abraços

terça-feira, 27 de abril de 2010

Vídeos sobre restauração ecológica

Para quem se interessar, seguem abaixo links para 3 vídeos institucionais da The Nature Conservancy sobre restauração ecológica na Mata Atlântica.
Detalhe para participação substancial do Rubens (Rapunza) e do Aurélio, ambos com passagem pelo LERF.

http://www.youtube.com/watch?v=Ql8kyzhxU04
http://www.youtube.com/watch?v=YzNDDYP1IFM
http://www.youtube.com/watch?v=-ghuoes1Ad8

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Analfabetismo científico

Permitam-me expor aqui uma coluna do jornalista Carlos Orsi, do Estado de São Paulo, sobre analfabetismo científico. Vale como reflexão universal e mesmo uma auto-crítica.

A edição da revista Science que circula esta semana traz uma série de artigos sobre “alfabetização científica”, ou como transmitir para a população em geral — e para as crianças, em particular — o mínimo de conhecimento científico necessário para navegar no mundo contemporâneo.
O analfabetismo científico é um problema em praticamente todo o mundo. Com o agravante de que, diferentemente do analfabetismo literal, muitas vezes não chega a ser reconhecido como um problema, mesmo entre as parcelas mais educadas e/ou poderosas da sociedade.
Parafraseando um antigo aforismo de C.P. Snow, um milionário que ignore quem foi Machado de Assis acaba visto como uma figura folclórica, excêntrica; um que ignore a segunda lei da termodinâmica é só mais um cara normal. Além, claro, de uma ótima vítima para esquemas de moto-perpétuo.
Este, aliás, é um ponto que passa em branco na maioria dos discursos sobre a alfabetização científica: quando se reconhece o valor do ensino e da divulgação da ciência, o foco costuma repousar sobre os benefícios econômicos — pesquisa e desenvolvimento, novos produtos, engenharia — que são, evidentemente, reais e importantes. Mas pouco se fala sobre a educação científica como fator de cidadania e, se me permitem o termo, de defesa pessoal.
Mais do que uma instituição acadêmica ou de um conjunto de princípios, leis e teorias a assimilar, ciência é um método, uma disciplina, uma postura. De forma bem resumida, é o hábito de não aceitar afirmações como verdadeiras sem prova, e de avaliar criticamente toda prova apresentada. Ciência, enfim, é uma ferramenta de detecção de falsidades e de busca da verdade.
Tão ou mais importante do que conhecer os resultados obtidos por essa ferramenta é familiarizar-se com o instrumento em si. Empunhá-lo, acostumar-se com seu peso, ver como sua lâmina é afiada e, por fim, aprender a usá-lo no dia-a-dia, ao lidar com coisas tão díspares quanto promessas de políticos, discursos de autoajuda, comerciais de produtos milagrosos, ofertas de crediário, terapias e, sim, esquemas de moto-perpétuo.
Um do artigos da Science trata, aliás, exatamente disso: Jonathan Osborne, da Universidade Stanford, queixa-se de que há muito pouco debate crítico nas aulas de ciências.
“Como uma das marcas registradas do cientista é o ceticismo crítico e racional, a ausência de oportunidades para desenvolver a capacidade de pensar e discutir cientificamente parece ser uma fraqueza significativa na prática educacional contemporânea”, escreve Osborne.
Há alguns anos, a jornalista de ciência do New York Times Natalie Angier escreveu um livro — premiado — chamado The Canon (”O Cânone”), que buscava explicar o que há de mais básico na ciência atual. A partir de um primeiro capítulo sobre, exatamente, o pensamento científico, a obra se lança numa exploração da matemática, biologia, física, química, geologia e astronomia.
São pouco mais de 260 páginas e não creio que tenha sido traduzido, infelizmente. Mas se todos tivessem contato com as ideias e princípios que descreve, este seria um mundo com menos vítimas e melhores cidadãos. edição da revista Science que circula esta semana traz uma série de artigos sobre “alfabetização científica”, ou como transmitir para a população em geral — e para as crianças, em particular — o mínimo de conhecimento científico necessário para navegar no mundo contemporâneo.
O analfabetismo científico é um problema em praticamente todo o mundo. Com o agravante de que, diferentemente do analfabetismo literal, muitas vezes não chega a ser reconhecido como um problema, mesmo entre as parcelas mais educadas e/ou poderosas da sociedade.
Parafraseando um antigo aforismo de C.P. Snow, um milionário que ignore quem foi Machado de Assis acaba visto como uma figura folclórica, excêntrica; um que ignore a segunda lei da termodinâmica é só mais um cara normal. Além, claro, de uma ótima vítima para esquemas de moto-perpétuo.
Este, aliás, é um ponto que passa em branco na maioria dos discursos sobre a alfabetização científica: quando se reconhece o valor do ensino e da divulgação da ciência, o foco costuma repousar sobre os benefícios econômicos — pesquisa e desenvolvimento, novos produtos, engenharia — que são, evidentemente, reais e importantes. Mas pouco se fala sobre a educação científica como fator de cidadania e, se me permitem o termo, de defesa pessoal.
Mais do que uma instituição acadêmica ou de um conjunto de princípios, leis e teorias a assimilar, ciência é um método, uma disciplina, uma postura. De forma bem resumida, é o hábito de não aceitar afirmações como verdadeiras sem prova, e de avaliar criticamente toda prova apresentada. Ciência, enfim, é uma ferramenta de detecção de falsidades e de busca da verdade.
Tão ou mais importante do que conhecer os resultados obtidos por essa ferramenta é familiarizar-se com o instrumento em si. Empunhá-lo, acostumar-se com seu peso, ver como sua lâmina é afiada e, por fim, aprender a usá-lo no dia-a-dia, ao lidar com coisas tão díspares quanto promessas de políticos, discursos de autoajuda, comerciais de produtos milagrosos, ofertas de crediário, terapias e, sim, esquemas de moto-perpétuo.
Um do artigos da Science trata, aliás, exatamente disso: Jonathan Osborne, da Universidade Stanford, queixa-se de que há muito pouco debate crítico nas aulas de ciências.
“Como uma das marcas registradas do cientista é o ceticismo crítico e racional, a ausência de oportunidades para desenvolver a capacidade de pensar e discutir cientificamente parece ser uma fraqueza significativa na prática educacional contemporânea”, escreve Osborne.
Há alguns anos, a jornalista de ciência do New York Times Natalie Angier escreveu um livro — premiado — chamado The Canon (”O Cânone”), que buscava explicar o que há de mais básico na ciência atual. A partir de um primeiro capítulo sobre, exatamente, o pensamento científico, a obra se lança numa exploração da matemática, biologia, física, química, geologia e astronomia.
São pouco mais de 260 páginas e não creio que tenha sido traduzido, infelizmente. Mas se todos tivessem contato com as ideias e princípios que descreve, este seria um mundo com menos vítimas e melhores cidadãos.
Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/carlos-orsi/2010/04/22/analfabetismo-cientifico/

quarta-feira, 31 de março de 2010

Vai faltar árvore no mercado?

Para especialistas, projetos de compensação ambiental no País podem entrar em crise com a escassez de mudas de espécies nativas
Wilson Aquino


“A prioridade é para espécies nativas, mas algumas importadas podem ser aceitas”, Murilo Bustamante, promotor do Meio Ambiente do Ministério Público do Rio de Janeiro

O cenário não poderia ser mais favorável: há dinheiro, vontade e mão de obra capacitada para promover uma grande recuperação das florestas nativas brasileiras no rastro das ecologicamente corretas compensações ambientais. No entanto, especialistas na flora nacional estão preocupados, e não otimistas, porque a falta de matéria-prima pode comprometer os projetos de reflorestamento previstos para os próximos anos no País. Técnicos do governo e produtores que atuam no segmento verde alertam que a produção de mudas de espécies brasileiras não será suficiente para atender à demanda que se desenha. E, na falta de espécies nacionais, as árvores exóticas (naturais de outros países) podem ocupar o lugar da flora nacional. “A prioridade nos reflorestamentos é para as espécies nativas, mas algumas exóticas podem ser aceitas, caso o plantio seja aprovado pelos órgãos ambientais”, afirma o promotor Murilo Bustamante, da Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público do Rio de Janeiro. Se o reflorestamento fosse importante apenas para o controle das emissões de gases do efeito estufa, a origem da árvore não interessaria tanto. “Ela precisa apenas ter potencial para sequestrar e manter o carbono”, explica o coordenador de recuperação ambiental do município do Rio, Marcelo Hudson. “Mas, se pensarmos em biodiversidade, temos de obedecer às regras da natureza.



COMPENSAÇÃO: Obras da CSA obrigarão a companhia a plantar centenas de árvores



A introdução de árvores de outros biomas pode causar distúrbios tanto na fauna quanto no solo do ecossistema”, completa Hudson, que comanda um projeto que em 20 anos plantou cerca de cinco milhões de mudas nativas na cidade. A falta de um programa específico para fomentar a produção de mudas nativas é um dos problemas que vieram à tona com a demanda ocasionada pelo aquecimento global. Ecologistas estimam entre 170 milhões e 200 milhões de hectares a área de florestas destruída que pode ser recuperada, mas a quantidade de mudas nativas produzidas no País é um mistério. De acordo com o Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), do Ministério da Agricultura, existem 3.641 produtores de mudas no Brasil. Entretanto ninguém sabe quantos deles se dedicam às espécies nacionais. A Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) também não tem dados sobre os que semeiam mudas nativas. Os mais otimistas arriscam o número de 15 milhões por ano. Como cada hectare comporta entre 800 e 1.200 mudas, o déficit torna-se expressivo. “Entre 60% e 70% dos municípios brasileiros são desprovidos de viveiros. E os que existem são dedicados à arborização urbana”, adverte o engenheiro florestal Luiz Carlos Sérvulo de Aquino, do Ministério do Meio Ambiente. Entre as grandes obras que vão exigir compensações ambientais, apenas no Estado do Rio de Janeiro, estão a construção do parque industrial da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a implantação do trem- bala e o arco rodoviário.





Os investimentos estão na casa dos bilhões, sendo que a legislação ambiental determina que meio por cento do custo das obras seja aplicado em compensações ambientais. “Certamente, teremos um boom de projetos de reflorestamento no Rio e em outros Estados, sem que a produção de mudas consiga acompanhar essa demanda”, alerta o engenheiro florestal Marcelo de Carvalho Silva, dono da Biovert, empresa fluminense que produz e comercializa mudas e sementes do sistema vegetal atlântico. Segundo Silva, a Biovert, que tem capacidade de produção de até três milhões de mudas por ano, está se preparando para dobrar a produção até 2012 e triplicá-la até 2014, de olho nos reflorestamentos resultantes de compensações ambientais. Alguns órgãos do governo anunciam esforços para resolver o problema. Mas as iniciativas ainda são tímidas e demonstram o descaso com que a flora nativa foi tratada ao longo dos anos. O Ministério do Meio Ambiente, por exemplo, somente agora está elaborando com técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) uma lista de espécies potencialmente aptas tanto para os plantios imediatos de áreas degradadas quanto para o aperfeiçoamento das pesquisas.




Vão fazer o que foi feito com espécies exóticas, como pinus e eucalipto (que abastecem o setor de papel e celulose, a siderurgia e a indústria moveleira), a partir da década de 60 e que tornou o Brasil líder mundial de produtividade e de conhecimento acumulado nesses gêneros. O chefe do departamento de políticas e estudos de meio ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), Márcio Macedo, disse que o órgão tem um leque de opções de financiamento para recuperação florestal, mas reconhece que não há linhas de crédito específicas para a ampliação de viveiros de mudas nativas. “Compartilhamos dessa preocupação, mas estamos em estágio incipiente. Afinal, essa demanda nunca esteve tão evidente”, afirma Macedo. Mas a lição é simples: para recuperar nossas florestas e conservar nosso ecossistema, o mercado de mudas nativas tem de florescer.


“Teremos um boom de reflorestamento, sem que a produção de mudas acompanhe a demanda”Marcelo de Carvalho Silva, engenheiro florestal

Original disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/60229_VAI+FALTAR+ARVORE+NO+MERCADO+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

sexta-feira, 5 de março de 2010

Pequenas propriedades e APPs

O pequeno produtor encontra uma boa alternativa para otimizar sua produção e, ao mesmo tempo, estimular a restauração de Áreas de Preservação Permanente (APP) em sua propriedade agrícola quando adequa suas atividades à legislação.
Exemplo disso é quando áreas desprovidas de vegetação nativa ou recobertas por vegetação secundária, em estágio inicial e médio (aquela proveniente de uma área que já foi degradada e está em estágio de regeneração), são utilizadas para o desenvolvimento de Sistemas Agroflorestais (SAF). É o que prevê o Código Florestal Brasileiro, que permite esta prática na restituição das áreas mediante autorização.
A resolução da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, SMA 44, é fonte para orientação nestes casos. O documento traz as informações necessárias e esclarece que, por exemplo, as chamadas plantas lenhosas perenes, como árvores frutíferas, arbustos, palmeiras e bambus, podem ser cultivadas em associação com plantas herbáceas como milho, soja e feijão, ou até mesmo em integração com animais. Este modelo pode trazer grandes benefícios ao pequeno agricultor, que com isso pode ampliar a sua renda.
Segundo levantamento do Censo 95/96, no Brasil as pequenas propriedades - ou posses rurais familiares, como são também chamadas – ocupam uma área de aproximadamente 108 milhões de hectares. Isto é, 30,5% do total de áreas agrícolas em todo território nacional.
O uso da terra com baixo impacto e estratégias inovadoras para a restauração de APPs são propostas que sempre requerem avaliação técnica para tornar viável a restauração dos processos ecológicos.Os benefícios para quem adota a prática vão desde a preservação de recursos hídricos, do solo e de paisagem, até o melhor aproveitamento econômico dessas áreas. Confira as informações necessárias para o seu licenciamento abaixo.
I.Identificação dos proprietários/posseiros
II.Dados do imóvel, com coordenadas
III.Técnico responsável
IV.Planta ou croqui, no caso de pequenos proprietários ou posseiros
V.Roteiro de acesso
VI.Relação dos principais grupos e espécies cultivadas e/ou manejadas, incluindo a relação de espécies nativas arbóreas
VII.Metodologia de implementação e manejo (situação inicial da área, desenho espacial e temporal, incluindo indicação preliminar de colheitas e podas)
VIII.Previsão de produtos nativos a serem escoados

Disponível em: http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=21320&secao=Colunas%20Assinadas

quinta-feira, 4 de março de 2010

São Paulo reduz área desmatada

Agência FAPESP – Em 2009, o Estado de São Paulo perdeu 3.205,7 hectares de sua cobertura vegetal, área 30% menor que a desmatada em 2008, segundo balanço do projeto ambiental estratégico Desmatamento Zero, divulgado pela Secretaria do Meio Ambiente (SMA).
Segundo a SMA, a área de vegetação em recuperação em todo o Estado já é 110 vezes maior que a do desmatamento. Somente a mata ciliar paulista teve uma recuperação de 127,6 mil hectares.
A área de vegetação autorizada para corte em 2009 foi de 1.813 hectares, uma redução de 31% em comparação com 2008, no qual foram autorizados 2.636 hectares.
“Não é que não exista mais supressão de vegetação, mas estamos recuperando muito mais. Isso está comprovado no Inventário Florestal do Estado com imagens de satélite, que será divulgado até o fim do mês”, disse o secretário Xico Graziano, que apresentará o balanço para o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) nas próximas semanas.
A maioria das autorizações de supressão de vegetação em 2009 foi para atividades agropecuárias e obras lineares, 27% e 30%, respectivamente.
O balanço também esclarece como é calculado o valor total de área considerada desmatada pela SMA. Calcula-se como área efetivamente desmatada a somatória da área de mata e cerrado denso autorizada e a área autuada pela Polícia Militar Ambiental.

Os dados do projeto Desmatamento Zero da SMA estão disponíveis em: www.ambiente.sp.gov.br/arquivos/Desmatamento_Zero_02_03_10_final.pdf

Disponível em: http://www.agencia.fapesp.br/materia/11846/sao-paulo-reduz-area-desmatada.htm