quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Pela vida na Terra

Acho que todos ao menos já ouviram falar no Edward Wilson, "ícone" do tema biodiversidade. Ele acaba de lançar mais uma obra. Ainda não li o livro, mas normalmente eles tem um viés bem otimista, do tipo "ainda dá tempo!", ou "a natureza tem o direito de existir por si mesma, independente de ter ou não função para o homem" (idéia da qual sou totalmente partidário).

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL308808-5603,00-PARA+SALVAR+O+PLANETA+BIOLOGO+PEDE+ACORDO+DE+PAZ+ENTRE+CIENCIA+E+RELIGIAO.html

Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião



Ex-batista, americano Edward O. Wilson usa lirismo bíblico para falar da biodiversidade.Diante do desafio ambiental, diferenças precisam ser deixadas de lado, argumenta ele.
Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo


O leitor recém-chegado ao universo dos livros de divulgação científica deve achar que estamos de volta à era de Galileu e Giordano Bruno. Afinal, uma fieira um tanto repetitiva de obras recentes, como "Quebrando o encanto", de Daniel Dennett, e "Deus, um delírio", de Richard Dawkins, andou reeditando o velho conflito entre ciência e religião. "A Criação - Como salvar a vida na Terra", que acaba de chegar ao Brasil, é uma lufada de ar fresco justamente por se contrapor a essa tendência. Para usar as palavras da liturgia católica, o biólogo Edward O. Wilson se imbuiu do espírito "que arranca o que divide". A ciência e a fé precisam urgentemente de uma trégua, diz ele -- e o preço do fracasso nessas negociações de paz pode ser a própria vida na Terra.

Dependendo de como se vê a questão, o veterano Wilson pode ser a pior ou a melhor pessoa para negociar esse armistício. O pesquisador da Universidade Harvard, um dos maiores especialistas do mundo em biodiversidade, cresceu no sul dos Estados Unidos e foi membro da Igreja Batista, uma das mais fervorosas denominações evangélicas do mundo. Mais tarde, porém, deixou a religião de lado. Em um livro anterior, "Consiliência", Wilson defendeu a unificação do conhecimento humano sob a égide da ciência -- e com a religião, considerada obsoleta, de fora.

No entanto, ainda que tenha deixado o rebanho, uma coisa Wilson nunca perdeu: a sensibilidade poética trazida pela leitura da Bíblia e pelo cristianismo evangélico de sua juventude. Também nunca deixou de prestar atenção no crescimento da religião fundamentalista, dentro e fora dos EUA. E escolheu usar sua familiaridade com o universo mental dos cristãos conservadores para convidá-los a assumir a defesa da biodiversidade da Terra -- uma responsabilidade moral que ecoa os primeiros e mais sagrados mandamentos divinos transmitidos no Gênesis.

O momento para isso não podia ser mais crítico. Uma confluência impressionante de dados científicos sugere que a humanidade está comandando a pior extinção em massa desde o meteoro que mandou os dinossauros para uma melhor há 65 milhões de anos. A natureza está sob sítio. E o medo de Wilson é que os que abraçam a fé religiosa estejam ignorando seu papel de protetores do planeta para considerá-lo apenas uma fonte inanimada de matérias-primas e recursos, que os humanos podem tratar como quiserem.

Carta aos fiéis
Wilson estrutura seu longo apelo na forma de uma carta, endereçada a um pastor protestante do sul dos EUA e, portanto, conterrâneo cultural do próprio biólogo. Os argumentos para proteger a Criação divina não são, em si mesmos, originais: Wilson enfatiza a riqueza da biodiversidade como fonte dos medicamentos e alimentos do futuro, e como alicerce da sobrevivência humana: sem os demais seres vivos, serviços essenciais, como ar e água puros, fertilidade do solo e regularidade do clima desapareceriam, e nenhum sistema feito por mãos humanas poderia substituir o que a biodiversidade faz hoje de graça.

O que há de novo nesse apelo é a tocante humildade para cruzar barreiras, para estender a mão ao outro. Wilson tem a coragem de dizer que não se importa se seu interlocutor fundamentalista não acredita na evolução e acha que a Terra tem só 6.000 anos de idade. As visões diferentes sobre a natureza do Universo encolhem em importância quando o que se coloca na mesa são valores: a sacralidade do mundo vivo, a beleza da biosfera.

A mensagem, portanto, é clara: podemos concordar em discordar e, mesmo assim, agir lado a lado para evitar o pior para nós mesmos e para nosso planeta. Wilson pode não acreditar mais no Deus que criou os céus e a terra, mas qualquer pessoa religiosa é capaz de balançar a cabeça em aprovação ao ouvir sua defesa da Criação:

"Nenhuma palavra, nenhuma obra de arte, é capaz de capturar toda a profundidade e complexidade do mundo vivo. Se um milagre é um fenômeno que não conseguimos entender, então toda espécie é, de certa forma, um milagre." Amém, irmão Wilson.

"A Criação - Como salvar a vida na Terra"
Edward O. Wilson
Companhia das Letras
200 págs.
R$ 35,00

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Seminário sobre Manejo Florestal na ESALQ

A Seção de Atividades Internacionais da ESALQ divulga e convida para participar do SEMINÁRIO: "Indo além da Exploração do Impacto Reduzido. Manutenção do valor de Produção Madeireira das florestas nativas amazônicas em áreas públicas e grandes áreas privadas. "

PALESTRANTE: Dr. Daniel Jacob Zarin
University of Florida - USA
DIA: 29/02/08 (sexta-feira)
HORA: 10h00
LOCAL: Anfiteatro do Departamento de Ciências Florestais

Informações: Dr. Zarin é Professor de Manejo de Florestas Tropicais da Universidade da Florida, também é Diretor do Working Forests in the Tropics Program, um programa integrado de educação e treinamento em pesquisa apoiado pela Fundação Nacional de Ciência (NSF) e Vice-Diretor da Amazon Conservative Leadership Iniciative, um programa de treinamento e capacitação apoiada com recursos da Fundação Betty Moore. Dr. Zarin tem 20 anos de experiência em pesquisa com enfoque na ecologia florestal, manejo de recursos naturais e política ambiental na Bacia Amazônica, com particular expertise em recrutamento de florestas tropicais, manejo de florestas tropicais nativas para produção de madeira e interface entre desmatamento tropical com mudanças climáticas. Professor Zarin também é consultor da Fundação David e Lucile Packard em sua iniciativa na Amazônia de desenvolvimento e manejo de carbono. Ele também participa do Grupo Consultivo Internacional do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras (PPG-7) e é membro do Conselho Diretor do Instituto Floresta Tropical (IFT) em Belém, Pará, Brasil.