quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Prêmio Empreendedor Social 2009

Claudio e Suzana Padua vencem o Prêmio Empreendedor Social 2009
CÁSSIO AOQUI, da Folha de S.Paulo

Na semana em que o mundo volta as atenções para as discussões sobre o clima em Copenhague, um casal que há muito trabalha em campos como o do emprego verde e o de créditos de carbono ergue o troféu do Prêmio Empreendedor Social 2009, em São Paulo.

O administrador e biólogo Claudio Padua, 61, e a educadora ambiental Suzana Padua, 58, após concorrerem com outros 270 líderes sociais de todo o Brasil, sagraram-se o primeiro casal a vencer o concurso, em cerimônia apresentada por Antonio Nóbrega e Pasquale Cipro Neto agora à noite, no Masp (Museu de Arte de São Paulo).

"É uma honra e uma responsabilidade porque aumenta o poder da nossa voz para falar sobre a necessidade de integrar a sociedade, a economia e a ecologia", comemorou Claudio, logo após o anúncio dos vencedores, para uma plateia de 230 convidados, entre representantes do terceiro setor, empresários, acadêmicos, jornalistas, políticos e artistas. "Fiquei muito feliz principalmente ao saber que sou a primeira mulher a receber o prêmio. A mulher tem um potencial muito grande que muitas vezes não é reconhecido", emocionou-se Suzana.

A dupla de cariocas fundou, em pleno ano da Eco-92, o Ipê (Instituto de Pesquisas Ecológicas), que desenvolve e dissemina modelos inovadores de conservação da biodiversidade com benefícios socioeconômicos para comunidades empobrecidas. O instituto beneficia diretamente mais de 10 mil pessoas com iniciativas como educação ambiental, pesquisas científicas, agroecologia e desenvolvimento de negócios sustentáveis, em seis regiões do Brasil: Nazaré Paulista e Pontal do Paranapanema, em São Paulo; Baixo Rio Negro, no Amazonas; Portel, no Pará; zonas costeiras do sul de São Paulo e norte do Paraná; e Pantanal, em Mato Grosso do Sul. Com um orçamento anual de R$ 6 milhões, tem mais de cem parceiros, entre empresas --como a Natura, a Alpargatas e o Grupo Martins--, governo e organizações do terceiro setor, nacionais e estrangeiras.

"A área de atuação dos vencedores não poderia ser mais apropriada dadas as negociações acontecendo exatamente agora em Copenhague. Embora as mudanças climáticas sejam uma forte ameaça, não identificamos empreendedores sociais suficientes com soluções inovadoras nesse campo", ressalta Mirjam Schoening, diretora sênior da Fundação Schwab.

Com a conquista, dedicada aos filhos e aos ipeanos, Claudio e Suzana contarão com visibilidade na mídia, troca de conhecimento e contatos com patrocinadores nacionais e internacionais. Participarão, com as despesas pagas, da Reunião Geral para a América Latina do Fórum Econômico Mundial, em Cartagena, na Colômbia, em abril de 2010, e do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Nesses eventos, terão acesso a CEOs (principais executivos) de empresas multinacionais, presidentes e governantes de países e a outros membros da rede mundial de "Empreendedores Sociais de Destaque" da Fundação Schwab, que, com eles, tem 167 líderes em 38 países. Também contarão com benefícios especiais, como serviços de consultorias especializadas e bolsas de estudo totais ou parciais em instituições de primeira linha, como Harvard Business School, nos Estados Unidos, e Insead, na França.

"O prêmio vai ajudar a alavancar nosso trabalho e reforçará a parte educativa, além de dá visibilidade para a instituição", concluiu Claudio.

Finalistas

Nestes cinco anos de concurso, a Folha recebeu 1.244 inscrições, mas somente 39 empreendedores sociais foram certificados. Além de Claudio e Suzana, os finalistas chancelados pela organização do prêmio neste ano foram: Cláudia Cotes, da Vez da Voz (SP); Erika Foureaux, do Noisinho da Silva (MG); Francisco Alemberg de Souza Lima, o Alemberg Quindins, da Fundação Casa Grande Memorial do Homem Kariri (CE); Luiz Geraldo de Oliveira Moura, do Nepa (Núcleo de Ensino e Pesquisa Aplicada/CE); Nicolau Priante Filho, da Coorimbatá (Cooperativa dos Pescadores e Artesãos de Pai André e Bonsucesso/MT); Rodrigo Castro, da Aliança da Caatinga, Asa Branca e Associação Caatinga (CE); e Rosana Bianchini, do Instituto Kairós (MG).

Matéria na íntegra: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u664358.shtml

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Fim do Desflorestamento na Amazônia

Em artigo na Science, cientistas do Brasil e dos Estados Unidos destacam oportunidade histórica para acabar com o desflorestamento na Amazônia brasileira.

Agência FAPESP – O surgimento de duas oportunidades históricas pode diminuir e até mesmo acabar com o processo de desflorestamento na Floresta Amazônia. A constatação está em artigo publicado por cientistas do Brasil e dos Estados Unidos na nova edição da revista Science.
Daniel Nepstad, do Woods Hole Research Center (Estados Unidos), da Universidade Federal do Pará e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, e colegas discutem as duas oportunidades que não podem ser perdidas.


A primeira é o compromisso do governo federal brasileiro, anunciado em 2008, de reduzir o desflorestamento na Amazônia em 80% até 2020. Iniciativa que conta com apoio das Nações Unidas e da Noruega, que se comprometeu a doar até US$ 1 bilhão para o Fundo Amazônia.
Gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o fundo tem por finalidade captar doações para investimentos não-reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no bioma amazônico.


A segunda oportunidade, segundo os autores, são as mudanças recentes nas indústrias de carne e soja, principais motores do desflorestamento amazônico, que começaram a cortar de suas cadeias produtivas empresas que lucram com o desmatamento.
“De acordo com nossa análise, esses desenvolvimentos recentes finalmente tornaram viáveis o fim do desflorestamento na Amazônia brasileira, o que poderá resultar em uma redução de 2% a 5% nas emissões globais de carbono”, destacaram os autores.


Nepstad e colegas estimaram os custos de um programa de dez anos para acabar com o desflorestamento e destacaram os benefícios dessa diminuição, como redução nas queimadas, na poluição do ar, em enchentes e na perda da biodiversidade, entre outros.

O custo estimado estaria entre US$ 7 bilhões e US$ 18 bilhões, incluindo apoio a comunidades locais e melhoria no gerenciamento na fiscalização de áreas protegidas. O montante poderia ser compensado, apontam os autores, por mecanismos como a Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação (REDD), em negociação no tratado climático das Nações Unidas, ou o recebimento de créditos de carbono.

O artigo The End of Deforestation in the Brazilian Amazon, de Daniel Nepstad e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.