domingo, 20 de abril de 2008

Santarém

Puxa, uma semana fora e ninguém publicou nada por aqui? Bom, vamos lá então...

O trabalho que fiz em Santarém faz parte de um projeto em conjunto com a The Nature Conservancy (TNC), que por sua vez tem um projeto maior junto com a Cargill. Sim, aquela Cargill que teve o porto de escoamento de grãos em Santarém fechado ano passado por irregularidades, após protestos do Greenpeace.

A idéia é que os fazendeiros fornecedores de soja façam a adequação ambiental de suas propriedades, senão nada de negociar a soja. O trabalho já envolve mais de 300 propriedades, mas visitei apenas 6, onde serão implantados modelos de restauração de APPs.

Uma coisa é notória: é impressionante o potencial de regeneração por lá. Não só pela presença de muitos fragmentos em volta, mas também pelo histórico de uso do solo recente (menos de 6 anos, em média). Os fragmentos, porém, nem sempre são primários. Aliás, falar em mata primária e intocada na Amazônia é, por incrível que pareça, uma falácia. Há estudos sérios que demonstram que mais de 80% da Amazônia já foi, no mínimo, explorada seletivamente, isso sem contar as clareiras que os "bons selvagens" dos índios já fizeram no passado. A diferença é que mata secundária por lá tem uns 40m de altura...

Vejam abaixo os regenerantes no meio da plantação de soja.



Ou seja, o trabalho de restauração das APPs é bem mais fácil do que por aqui, onde em boa parte das vezes não há outra coisa a fazer senão plantar mudas logo de cara. Agora, a questão da Reserva Legal de 80% será outra coisa, bem mais difícil.
Mais relatos na nossa próxima reunião mensal. Abraços!!

Um comentário:

Adriana Martins disse...

Que legal, Ingo!

Adorei ler a notícia, deve ter sido uma ótima experiência!

Fantástica a foto da regeneração de árboreas no cultivo da soja, hehe !!